[Resenha] Entre o amor e o silêncio

Sinopse:

Francesca Wiggs sofreu uma grande decepção amorosa e, desde então, está decidida a não se relacionar mais. Além de se dedicar a escrever o seu livro, ela resolve preencher os dias com um trabalho voluntário – a leitura para pacientes em coma proporcionaria para ela a distância para problemas com o coração. No entanto, um grande imprevisto ocorre quando ela passa a se sentir atraída pelo paciente. Mitchell, descrito como um poderoso magnata, seria a antítese de tudo o que ela busca em um homem... se não estivesse em coma. Precisar de alguém inconsciente seria um absurdo, não seria? Amar uma pessoa que nunca responde parece loucura! Francesca já havia entendido e sentia-se quase segura diante disso. Mas, e se Mitchell acordasse? A aproximação desses personagens tão diferentes revela um romance encantador e divertido, repleto de reviravoltas. Entre a vida e a morte, a ilusão e a realidade, o amor pode ser realmente o milagre que faz tudo mudar?

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"As nossas maiores faltas passam a ser as pequenas e simples coisas que não damos atenção"

Resenha

                Conheci o livro por culpa da capa maravilhosa que a Marina Ávila editou! Depois me encantei com a sinopse e os quotes que a Babi A. Sette colocou em seu perfil. Foi difícil conseguir meu exemplar, porque parece que fui a última pessoa no Brasil a ter conhecimento desta obra, mas para meu alívio, a autora me vendeu um dos últimos exemplares.

                Demorei a ler, pois um probleminha na coluna me impedia de carregar um livro de mais de 600 páginas por aí, então... acabei comprando também o ebook. Pois é, sou consumista, fazer o que?!

Francesca Wiggs é uma mulher enraizada na amargura do abandono. Isso se destaca em toda a trama, trazendo ao leitor a percepção de si mesmo algumas vezes. Muitos de nós carregamos um fardo que nos é custoso largar e acompanhando o trajeto da protagonista, é fácil evidenciarmos isto em nós.

Abandonada por seu pai ainda na meninice, Francesca passa a sua adolescência e parte de sua juventude, presa a ideia de que ele a procurará um dia e por mais que este desejo seja maior que qualquer outro, a realidade a faz trilhar outros caminhos, deixando o abandono escondido no mais profundo do seu coração.

Como a maioria das pessoas sonhadoras, ela tem a arte correndo em suas veias. É atriz e também escritora. E amante de música e arte.

Após sua última desilusão amorosa, ela decide dar um rumo diferente em sua vida e começa a ler para pacientes em coma em um hospital de NY. A tarefa parece simples e uma forma de conseguir ler em voz alta o livro que tenta finalizar.

O que ela não esperava era que um deus grego – literalmente – abandonado em um leito de hospital, fosse mudar tanto a sua vida em poucos meses de leitura diária.

Ele não se expressa com palavras. O sonoro bip constante é a única certeza que continua vivo.

E ela, embalada por esse fio de vida, se joga sem perceber, em uma avalanche devastadora.

Mitchell Petrucci é um homem centrado. Um dos executivos mais influentes do mundo. E apesar de ter o mundo aos seus pés, é um homem amargo, repleto de feridas que continuam abertas e sangrando a cada ano que passa enfurnado em sua sala no prédio de sua empresa.

Não há um desafio que não saia vencedor, e nada a temer, já que Mitchell conhece e usa todo o seu poder.

No entanto, há algo que não está em suas mãos e não é decidido por ele: a hora de morrer.

Uma tragédia coloca duas pessoas distintas diante uma da outra.

Uma consciente.

A outra vivendo em sonhos.

A carga de vida de cada um pode ser um poderoso e eficiente veneno para as suas próprias vidas e nos vemos indignados a cada obstáculo que os próprios personagens erguem para ferrar com o futuro e extinguir esperanças.

Apesar de uma narrativa extensa, de diversos pontos de vista quase ao mesmo tempo, e muitas cenas que de início pensamos serem desnecessárias, percebemos ao encerrar a última página, que a trajetória para o fim é o que tornou crível e deu consciência a cada palavra neste livro. É impossível não olhar para si mesmo depois de conhecer a caixa das faltas. É impossível não perceber o quanto envenenamos nossos próprios sonhos, como crianças que não têm discernimento de suas atitudes.

Entre o amor e o silêncio é uma história que retrata o perdão, o autoconhecimento e o amor de forma profunda e delicada.

É um romance completo, arrebatador e que devolve a esperança àqueles que pensam que a perderam.

Espero que a segunda edição – em breve nas livrarias – venda tão rápido quanto a primeira e encante ainda mais leitores.

Um beijão, Mari Scotti