Presente de Ano Novo: Samuel Hallinson






Confesso que eu não sabia o que fazer de Ano Novo para vocês e foi ontem, por volta da meia-noite, que essa cena me veio à cabeça. O Samuel pediu permissão à esposa para ser ele a narrar para nós. Esperemos que gostem desse pequeno trecho comemorativo.

Se você não leu “A noiva devota” e odeia spoilers, NÃO LEIA o conto.



Ano Novo

Cena extra de A noiva devota



O ano de 1882 começou diferente. Eu não era um. Não estava tentando encontrar um rumo para a minha carreira. Nem mesmo uma casa para viver só.
Éramos dois. E eu sonhava abertamente em sermos três.
Eu. Rosalina. Um bebê.
Não me importaria se meu primeiro herdeiro fosse uma menina. Queria apenas segurar um ser gerado com o fruto de tanto amor e devoção e poder mostrar ao mundo o quanto minha esposa me era preciosa e que nossa felicidade estava começando a ficar completa.
No entanto, por mais que tentássemos, mês a mês, Rosalina se retirava para os seus aposentos, para a semana indisposta que todas as mulheres sofrem quando não estão esperando um filho. Me deixando angustiado e ela infeliz.
Porém, ao badalar da meia-noite do ano de 1882, senti em meus ossos que algo estava diferente.
Não foi a comemoração de nossas famílias pelo ano que se foi e o que se iniciava. Nem mesmo a troca de gentilezas e promessas. Foi o olhar que ela me lançou ao se apoiar em meus ombros e me desejar um ano repleto de amor.
Minha esposa sempre demonstrou seu apresso e lhe sou grato por manter a tradição de minha família paterna, demonstrando seus sentimentos sem constrangimento ou pudores. No entanto, algo estava diferente. Seu olhar brilhando. Seus lábios mais vermelhos. As bochechas firmes, rosadas e cheias com as sardas mais evidentes do que antes quando era solteira. Ela não se forçava a manter a postura desde que nos unimos em matrimônio e até sua postura parecia mais altiva, mais esperançosa e repleta de uma felicidade que eu sabia não ser o responsável.
Nem mesmo em nossas noites mais ousadas ela me olhava ou sorria assim.
Samuel, podemos nos falar por um instante?
Solicitou após perceber que não seriamos cumprimentados por mais algum familiar. Anuí apenas, incapaz de manter minha curiosidade longe de minhas palavras não proferidas. Ela sorriu percebendo-me ansioso, no entanto, continuou andando lentamente, seguindo o rumo do escritório de minha mãe em Bousquet. Abri a porta ao perceber sua finalidade e a segui para o interior escuro.
Para a minha surpresa, Rosalina acendeu uma lamparina a óleo e a levou até a escrivaninha, onde depositou o suporte. Em seguida me encarou com um sorriso insinuante.
― Ao menos lembrei-me de trazer uma iluminação adequada, meu marido. – Murmurou debochada.
Recordei-me imediatamente de quando a obriguei a entrar no escritório de minha tia, no escuro, para me declarar honestamente, pela primeira vez. Sorri e dei alguns passos em sua direção depois de me certificar que a porta estava cerrada.
― Lembro de cada pequeno instante que passei ao seu lado.
O suspiro dela foi de encontro ao meu coração, levando-o a bater acelerado.
― Tenho a impressão de que este será o que jamais se esquecerá.
Toquei-a na cintura, insinuando meus dedos por baixo de seus seios satisfatoriamente volumosos. Ela sorriu ainda mais e ergueu o rosto para olhar em meus olhos.
― Diga ou enlouquecerei. O que deseja falar-me?
O sorriso dela aumentou. Rosalina apoiou sua farta e maravilhosa anca na madeira da escrivaninha de minha mãe. Tive a imagem perfeita dela com as saias levantadas pronta para me receber, mas consegui controlar meu devaneio. Não poderia profanar o escritório de minha própria mãe.
Porém, minha esposa não ajudou minha mente a se manter pura, pois ergueu as mãos, as deslizou para dentro de um dos seios e retirou em seguida. Tremi e meu corpo reagiu de imediato.
― Segure, por favor?
Só percebi que era um embrulho e não seu seio, quando ela me olhou enviesado. Obedeci, curioso e ansioso ao mesmo tempo e deixei que ela me afastasse um pouco.
― Não abrirá? É um presente.
O pacote era macio e pequeno. A encarei desconfiado e obedeci novamente, desembrulhando com cuidado. Quando reconheci a linha que ela estava carregando para todo o canto da casa enquanto eu me ocupava de meus afazeres, senti meus olhos enxerem de lágrimas, pois eu sabia que era a linha que ela utilizava para bordar as roupas que costurou para o nosso primeiro futuro herdeiro.
Joguei o papel sobre a mesa e desdobrei a peça com cuidado. Era uma camisola de recém-nascido, com nossas iniciais na altura do coração, entrelaçadas.
― Nós... você... – ela já estava chorando enquanto eu gaguejava, sem conseguir me expressar. – Bebê? Certeza? Você tem?
Ela riu, segurou meu rosto com as duas mãos e ficou na ponta dos pés para alcançar meus lábios.
― Tenho certeza, meu amor. Estou grávida, esperando um filho ou uma filha.
A abracei apertado, urrando de felicidade e me contive, não a rodopiando pela saleta. A risada dela preencheu todo o ambiente e não consegui manter minhas mãos ou a pureza dos meus pensamentos. Segurei seu rosto, afundei os lábios nos dela e a levei até o sofá de damasco de minha mãe, deitando-a sobre mim cuidadosamente, afinal, não poderia apertar seu ventre entre nossos corpos.
Nos amamos sem emitir sons constrangedores. Sem as peças menores. E comemoramos, com amor, nossa nova conquista como família.
O ano de 1882 se iniciou diferente e eu sabia que mudaria, mais uma vez, toda a minha vida.


Gostaram do presente? Espero que sim!

Feliz ano novo!!! Espero revê-los esse ano todinho!

Beijo,






26 comentários :

  1. AIN MEU CORAÇÃO. Nunca tenho estruturas pros Hallinson, socorro que coisa mais linda ❤ Feliz amo novo Mari, que essa família possa crescer ainda mais em 2017! Obrigada por tudo!

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    1. Espero que cresça também! Obrigada Su! Feliz ano novo!!

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  2. Droga! Não li ainda esse coisa, pois não li o primeiro!
    Mas me bateu uma curiosidade agora!
    Vou ler!

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  3. Eu não conhecia A noiva devota, mas como adoro contos, não resisti e acabei lendo este conto, simplesmente adorei, sem dúvidas pretendo ler o livro.

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  4. Oi Mari...
    Que lindo!!!! Aproveito pra desejar a você um 2017 repleto de paz, amor, bênçãos de Deus e muito sucesso!!!!
    Beijinhos...

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  5. Obrigado por lembrar do leitores do blog, ótimo conto só me deixou mais curioso para ler o livro. Beijos.

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  6. Oi Mari, eu li e gostei demais do primeiro Halllinson e vou querer conferir A Noiva Devota com certeza, que tá uma capa linda e eu como gosto de spoiler rsr, li o conto sem medo e isso fez com que eu me animasse ainda mais pra ler a história de Samuel e Rosalina. Super presente e te desejo um Feliz Ano Novo, cheio de histórias lindas ;)

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  7. Ahhh não li A noiva devota e por isso fiquei com receio de ler o conto.
    Mas quando ler, volto aqui e leio tudo, prometo haha
    Desejo um 2017 repleto de coisas boas pra você e pro blog.
    Muito sucesso, alegrias, saúde e muuuuitos livros <3
    Beijos,
    Caroline Garcia

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  8. Tá aí um negócio que faz ter vontade de ler o resto pra entender. Ficou muito bom e me deixou curiosa pra saber mais. Esse final foi uma gracinha *-*

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  9. Olá.
    Não li o conto, pois quero muito ler o livro! Mas prometo que volto, para fazer a leitura.
    Um feliz 2017! Muita paz, amor e realizações. E muito sucesso!
    Beijos.

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  10. Ah que lindo. Quero mais dessa família. E que venham os livros físicos hehe.

    Blog Prefácio

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    1. Em breve sairá pela Amazon em físico! To só esperando a liberação do site para divulgar. <3

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  11. Oi Mari, amei o conto e não me importo com spoiler. Muito bem escrito e chamativo. Obrigada pelo presente viu. Também te desejo tudo de bom.

    bjus

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  12. Que fofura!! Que casal bonito, fiquei mais curiosa para ler o livro.
    Tenho que apressar aqui e lê-lo que já to ansiosa! rsrsrs
    bjos

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  13. Feliz Ano Novo Mari. Amei seu presente. Beijos.

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  14. Oi!
    Adorei esse super presente, ainda não li A noiva devota, então irei esperar mais um pouco para poder ler !!
    Um feliz e prospero ano novo !!

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  15. FELIZ ANO NOVO!!!
    obrigada pelo conto, mas eu ainda não li o livro então assim que eu ler eu volto para aproveitar o presente@!

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  16. Que maldade Mari!!!!!
    Eu ainda não li o livro, então, não vou ler o conto, mas qdo o fizer, volto aqui para saber o que esse danadinho está contando por aqui! rsrsrsrsrsr

    Feliz ano novo para vc e sua família!

    Bjo bjo^^

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  17. AI QUE LINDOOOOOOOOOOOOOOO
    TO SUANDO PELOS OLHOS AQUI, PERA
    MELHOR PRESENTEEEEE <3

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  18. AI SENHOR QUE CONTO LINDO!!
    Fiquei ainda mais apaixonada por esses dois!!!

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  19. Oi Mari, atendi a sua ordem de não ler se não quisesse spoiler (rsrs).
    Feliz Ano Novo!
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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