Primeiro Capítulo: Sonhos

Oies!

Muita gente está com vontade de me esganar e pedindo desesperadamente o próximo livro da série Nefilins. Adianto que já combinei com a Aped e será publicado em janeiro de 2014!! *-*
"Mas tia Mari, ta muito longe!!!"
É por isso que vou presentear meus leitores lindos e fofos com o primeiro capítulo do segundo livro (capítulo extra oficial!).


Sonhos
Série Nefilins – Volume 2
Mari Scotti


Capítulo 1

                As últimas semanas de minha adolescência foram recheadas de surpresas, em sua maioria muito desagradáveis. Não havia dado meu primeiro beijo ainda – e tenho quase dezoito anos! – mas, em uma única semana fui beijada por dois caras e ambos declararam ser apaixonados por mim, ou melhor, acreditei que fossem.
                Não pense em dois rapazes lindos brigando pelo meu coração, pois a realidade não é tão romântica assim, o problema é que ambos são anjos – um caído e um não –, que querem me fazer escolher entre o céu e o inferno; mas se eu soubesse que tinha apenas que fazer essa escolha, teria escolhido o Céu sem nem piscar os olhos, porém isto estava implícito e eu escolhi justamente o que me levaria diretamente ao Inferno.
                Agora estou aqui, no Céu eu acho, esperando ser julgada pelo anjo que eu tentei proteger. Escolhi Pietro para que ele não matasse Arthur ou Pierre – o nome que ele exige ser chamado aqui – mas, esperava que entendessem minha escolha, pois tentei salvar Pierre, não queria ninguém se machucando por tentar me proteger, e que realmente me importo com ele. O problema é que toda vez que abro a boca, uma enxurrada de imagens com cenas da minha vida são projetadas em uma tela que mais parece uma nuvem em 3D.
                É constrangedor.
                Minha cela não é muito aconchegante. É iluminada apenas por uma fresta de sol que entra por uma pequena abertura na porta, mantendo o quarto sempre claro. Estou trancada para o lado de dentro. A claridade constante não me permite ter um momento de solidão de que preciso. Aqui é sempre dia, mas é fácil perceber as horas passando, pois a luz se modifica, mas nunca perde o brilho totalmente. Em poucos dias já acostumei ao tempo, ao calor úmido, à brisa leve e a iluminação. Estamos no Segundo Éden, mas acho que é o Céu, talvez não onde Deus e Jesus moram, mas ainda assim acredito ser o Céu.
                Sou vigiada constantemente e mesmo quando os sentinelas estão longe, sinto seu olhar esmagador sobre mim. É difícil me acostumar a reclusão a que fui submetida, a falta dos livros, das pessoas, da internet e principalmente ao modo como o Arthur passou a me tratar.
                Há três dias não recebo visitas, os vejo na sala do julgamento e depois sou escoltada de volta ao meu alojamento. Tiraram o suprimento de comida, então preciso esperar que me tragam.
                Arthur tem agido de modo estranho, não me encara e se percebe que o estou olhando, aperta os punhos e trinca o maxilar, enquanto se distancia o máximo que pode, como se eu fosse um repelente natural de anjos magoados. Tudo porque o deixei sozinho, à beira da morte, depois que Havi, Pietro e algumas crianças-demônio o jogaram sobre rochas pontudas e o chutaram até eu não agüentar mais ver e aceitar seguir o anjo caído para pouparem a vida dele.
                Este é exatamente o ponto que ele não entende, pois acha que segui Pietro por amor . Até tentei contatá-lo, mas devia estar tão chateado que não me ouviu.
                ― Senhorita Monteiro? – A voz do juiz me tirou dos meus pensamentos.
                Ergui meu olhar para o dele, sentindo as bochechas corando e sorri afetado.
                ― Desculpe, o senhor perguntou algo?
Estávamos no salão do Juízo, atrás de mim alguns anjos, anjos caídos e demônios de ambos os sexos. Descobri depois do segundo dia de discussões, que eles são os mais experientes, analisam os passos do Nefilin infrator para decidir seu fim. Pierre está entre eles e é o mais sério do grupo e o que mais retruca minhas respostas.
                A bancada é como uma mesa em lua crescente. Os anjos que me defendem sentam-se ao meu lado, Victória e Sophie, a menina que conheci a primeira vez que estive no Segundo Éden. Atrás de nós há uma bancada de cada lado. À direita, doze anjos do céu, que analisam, discutem e decidem como aceitar minhas respostas, até agora a maioria delas foi contestada. Eles se sentam em um lugar de destaque, alto e feito de madeira como em um júri na Terra. À esquerda, mais doze pessoas, seis anjos caídos e seis demônios, Havi e Pietro estão entre eles. Achei ter reconhecido Persus também, mas não podia encará-los por muito tempo, pois Victoria sempre me fazia olhar na direção do juiz.
                O Juiz fica em uma mesa simples, no centro dessa meia lua, anotando tudo o que falamos, todas as informações repassadas, contestações e afirmações de cada grupo de anjos e demônios. Não diz nada a meu favor, apenas acrescenta novos fatos e perguntas. Quem fala mais é Victória que está em minha defesa e Haddes que é meu acusador, o nome é apenas em homenagem ao seu senhor, o próprio Diabo. Atrás do Juiz há um trono vazio e acima essa tela que mais parece uma nuvem em 3D, mostrando todas as minhas falhas dos últimos dezessete anos de existência.
                O bom é que finalmente aprendi a bloquear meus pensamentos e somente os meus atos são analisados e não cada pensamento inútil que eu tenho todos os segundos desde que cheguei. Pensar no juiz me faz lembrar que ele ainda está falando comigo. Suspirei prestando toda a minha atenção ao que ele dizia.
                ― Então, posso chamar a testemunha ou a defesa se opõe? – Ele terminava de falar.
                Encarei Victória ao meu lado, um sorriso formal estava em seus lábios e eu sabia que isso significava encrenca, algo não estaria a meu favor com o tal testemunho.
                ― Não nos opomos. – Disse ela.
                ― Anjo Pierre, por favor, compareça ao banco das testemunhas.
                Só a menção do nome dele deixou meu estomago revirado. Houve um burburinho, mas agüentei firmemente e não olhei na direção que eu sabia que ele viria. Um tempo depois ele passou por mim, se direcionando a uma cadeira reservada para ele ao lado da mesa do juiz.
                Pierre estava magnífico! Seus cabelos ajeitados para trás, deixando pontas para fora por ter crescido um pouco mais, seus olhos sombrios, no tom acinzentado que me lembro ter visto no dia que ele me salvou do acidente. Estava todo de branco como era costume dos anjos aqui no Segundo Éden, a camisa de mangas longas e com três botões abertos, deixando seu peito pálido à vista. Seu perfume almiscarado impregnou todo o meu corpo me fazendo estremecer. Soltei um suspiro involuntário, incapaz de desviar os olhos dele.
                Ao se acomodar, o juiz se aproximou o observando, em seguida aumentou o tom de voz para todos escutarem.
                ― Guardião Pierre, faça um breve relato dos acontecimentos que antecederam a escolha da senhorita Monteiro a seguir o caído Pietro.
                Ele estava sentado, entrelaçou os dedos a frente do corpo antes de começar a falar, olhava para frente com um ar sério e nada amigável.
                ― Tudo bem, senhor. Recebi ordens diretas da senhora Victória para levar a Nefilin ao abrigo sul, junto as videiras, porém ao chegarmos, averigüei que as trancas do portão estavam abertas, alguém as havia descoberto e pela desarmonia dos elementos, percebi que não fora por um ser amigável. Ocultei a garota dando ordens claras para que não se movesse e adentrei o abrigo, mal pisei na casa fui atacado e infelizmente, não sei dizer por quem ou o que. – Pierre olhou diretamente para a direção onde estava Pietro entre os demônios, meu estomago gelou, pois eu não sabia o que de fato havia acontecido com ele. – Não estou certo do que ocorreu depois, quando voltei a mim estávamos despencando para o penhasco. A nefilin em queda livre enquanto eu e o guardião do abrigo tentávamos nos livrar do ataque de Pietro e do demônio que o acompanhava. – Ele apontou para a platéia e vi que era para Havi.
                ― Que conste nos altos que a testemunha apontou para o demônio Havi, presente na tribuna. – Disse o juiz e meus ossos petrificaram de medo.
                Pierre continuou como se não tivesse sido interrompido.
                ― Não consegui salvar o guardião e nem a menina. – Ele piscou, apertou bem os lábios e se corrigiu. – A Nefilin. Fui derrubado entre as rochas e fiquei semi-consciente, sendo pisoteado, ameaçado e humilhado enquanto ela assistia a tudo e os amigos de Pietro também. – Havia uma pontada de magoa na voz dele que me fez sentir vontade de protestar e dizer que não fiquei assistindo, eu tentei ajudá-lo. – Quando de fato meus sentidos voltaram, ela se afastava com ele, mesmo depois de ouvir da minha boca que não deveria ir.
                ― Vocês lutaram antes dela seguir Pietro. – Victoria estava em pé, andando na direção de Pierre. Ele a encarou desafiador. – A senhorita Monteiro tentou protegê-lo mesmo o senhor a mandando ir embora. Está correto?
                Pierre apertou os lábios e em seus olhos eu vi a luta que fazia para se lembrar, fiquei surpresa ao saber que anjos se feriam a ponto de esquecer o que fizeram, os acontecimentos e até quem estava ao seu lado. Observei atentamente cada músculo dele se movendo, a respiração, os olhos inquietos, até que se encontraram com os meus e ele parou de se mover, o cinza nublado se tornou brilhoso.
                ― Sim, está correto. Eu mandei que ela me deixasse lá. – Confessou, então desviou o olhar do meu e pareceu adquirir novamente um ar colérico quando continuou. – A mandei fugir e não se juntar a ele. – Apontou para Pietro.
                ― A questão foi apenas sim ou não. – Victoria encarou o juiz. – Sem mais perguntas. – Finalizou voltando a sentar.
                Encostei em seu braço e me inclinei para ela, inquieta.
                ― Ele vai se prejudicar? – Sussurrei.
                ― Não. – Ela afagou minha mão e suspirei aliviada sentando ereta novamente.
                O juiz estava perto de Pierre de novo, acionou um botão que acendeu a tela estranha à esquerda da sala, a nuvem em 3D começou a passar mais um filme de semanas atrás.
                ― Não o machuque, por favor! – Ouvi minha voz surgindo da tela e imediatamente as lembranças junto com ela. Havi me obrigando a olhar para Arthur sendo castigado pelas crianças-demônio enquanto Pietro se divertia com a cena. – Ele pode morrer?
                Apertei os olhos sentindo a agonia que vivi naquele momento, Pietro usava algum artifício ou dom para machucar Arthur, que se contorcia junto as pedras, beirando a inconsciência. Por curiosidade olhei para ele que estava com os olhos fixos na tela.
                ― Morrer? Sim, ele pode morrer. – Respondeu Pietro, eu me lembrava de ter tentado atacá-lo, mas a imagem não apareceu na nuvem. – É difícil, mas não impossível. – Outro grito de dor saiu dos lábios de Arthur e a imagem foi para ele, estava se contorcendo, o rosto salpicado por seu sangue e contorcido de dor, quase gritei naquela sala para pararem as imagens, Pietro continuou falando. – Mas, antes de morrer eles sentem dor, Suzaninha, muita, muiiitaa dor.
                ― Para, por favor!
                Apesar de ser um filme, eu estava agoniada no meu lugar, observando as reações de Pierre àquelas imagens, parecia que ele as via pela primeira vez, estava enojado e algumas vezes encarou Pietro num misto de surpresa e ódio que eu esperava não inflamá-lo, não sabia ao certo se esse tipo de raiva o mandaria para o inferno junto comigo e Pietro.
                O anjo caído estava me olhando na tela, parecia ponderar uma pergunta, tinha um riso divertido no canto dos lábios, que fez sumir quando o meu eu na imagem o encarou.
                ― Por quê? Você vai me dar o que eu quero?
                Por causa do meu silencio ele mandou as crianças chutarem Arthur, os olhos dele estavam se apagando, como se estivesse a ponto de morrer. Apertei as mãos na mesa, grunhindo. Victória segurou em meu pulso e falou num tom firme perto do meu ouvido.
                ― Suzanna... você está aqui, no Segundo Éden, aquilo já aconteceu, já passou.
                ― Desculpe... foi tão horrível. – Afundei na cadeira.
                Aos soluços minha imagem pedia que Pietro parasse de torturar Arthur, e ele se divertia com os meus pedidos. Observei ele colocar a mão no bolso, mostrá-la vazia para Havi e em seguida fingir que iria atacar algo em Pierre, abri os lábios surpresa, ele tinha me enganado, não havia nada em sua mão que pudesse matar o meu anjo. Gemi frustrada, sentindo ainda mais desprezo por Pietro, a cada audiência e a cada dia eu conseguia enxergar o quanto fui infantil e tola caindo direitinho em suas armadilhas.
                Lutamos na grama, a nevoa preta que vinha dele, de longe pareciam com asas negras, penas grossas e brilhantes, quis perguntar se eram mesmo asas, mas Victoria também estava atenta a tela, todos estavam.
                Pierre me olhou por um momento, surpreso com a minha tentativa idiota de machucar Pietro, pensei ter lido em seus lábios algo como “criança tola”, mas preferi ignorar, até o salvando ele me desprezava agora. Suspirei esperando as imagens sumirem e o juiz retomar o julgamento.
                ― Se apaixonou por ele não foi, Suzanna?
                Meu estomago gelou ao ouvir aquela pergunta de novo e meus olhos voaram na direção de Pierre, ele parecia pálido. Não vi o que acontecia na imagem, apenas Arthur com as mãos ainda à frente do corpo, porém apertadas como se também se segurasse para assistir a cada cena.
                ― Responda! – Exigiu Pietro.
                Não importa! Solta ele! – Gritei de volta. Olhei na tela para ver o quanto o olhar de Pietro estava irritado, as iris naquele tom vermelho sangue dos meus pesadelos.
                ― Responda ou eu juro que mato ele.
                Cortaram a imagem e de repente eu estava ajoelhada diante de Pierre, aos prantos. Ele sussurrava algo.
                Vá embora, encontre ajuda e não volte para cá! E não acredite em nada do que ele disser...
                Nem que você a deixou sozinha quando seus pais morreram porque é um anjo covardão? – Interrompeu Pietro, ele estava acima de nós na imagem, as asas negras parecendo nevoa batendo fortes, impiedosas.
                Sai daqui. – Arthur sentou, resmungando e tossindo. – Vai, corre!
                Mas não me movi, não queria deixá-lo sozinho, pois mesmo achando que amava Pietro eu não confiava nele.
                ― Não vou te deixar sozinho. Eles vão te matar!
                Vai logo, garota! – Arthur levantou, as asas estendidas, um dos lados com penas esmagadas e ensangüentas, o outro tinha penas escurecidas e faltando. Eu não consegui tirar os olhos dele e me vi retrucando e me levantando para ajudá-lo.
                Não vou! Se sou filha de anjo, alguma utilidade eu tenho.
                Fiquei de costas para ele, seu semblante era de dor e confusão, ele ergueu os olhos falando com Pietro.
                Covarde não sou eu irmão e você sabe disso, tire ela daqui e acertamos nossa divida.
                Protestei e logo a imagem sumiu para outra tomar seu lugar. Respirei fundo em duvida sobre o que viria a seguir.
                Não é possível que não tenha ninguém para nos ajudar, meu Deus! – Eu sussurrava em lágrimas.
                Algo que eu não esperava surgiu diante de nós, a briga naquela campina pareceu diminuta, a imagem correu e se expandiu, parecia a quilômetros de distância. Anjos e demônios lutavam ferozmente entre si, alguns caídos faziam uma barragem impedindo a passagem deles. Victoria estava entre eles, estava com o rosto todo ferido, o lábio sangrando e tinha um demônio arrancando suas asas, ela urrava de dor.
                ― Não! – Sussurrei incrédula, tanto ela quanto Pierre me olharam.
                A tela escureceu e o juiz voltou a falar, agora direcionando-se a mim.
                ― Você perguntou do socorro, eles estavam a caminho, mas você não soube esperar como veremos a seguir. 
                Abri a boca para protestar e a imagem juntamente com o som, me calaram.
                ― Deixe ele ir e eu vou com você.
                Pietro fez sinal para que o urubu e seus demônios fossem embora, em pouco tempo eram apenas os três na imagem e Arthur se contorcendo ao fundo.
                ― Ele ficará bem, venha.
                ― Prometa! – Ordenei.
                ― Ele ficará bem, eu prometo Suzanna.
                Arthur gritou, e no dia eu não tinha conseguido ouvir, as imagens se mesclaram, ele e os anjos que lutavam aparecendo ao mesmo tempo.
                Assim que Pietro prometeu os demônios desapareceram dando passagem aos anjos que foram atrás de Pierre, ele gritou com todas as forças que ainda possuía: Atrás dela! Vão atrás dela!
                Mas eu me lembrava muito bem que ninguém foi atrás de mim a não ser Demétria, muito tempo depois.
                A tela escureceu e todos estavam apreensivos, me olhando. O juiz encarou Pierre.
                ― Ficou claro que ela tentou protegê-lo?
                Franzi o cenho e encarei Victória, era uma das primeiras vezes que o juiz falava algo a meu favor. Pierre não se abalou.
                ― Como ficou claro que ela não confiou em nós.
                Ele me encarou por um bom tempo, até que o juiz o dispensou. Pierre passou por mim, parecia satisfeito em ter me feito parecer totalmente estúpida e incrédula. O juiz também estava satisfeito. Mergulhei na minha cadeira tentando em vão me fazer desaparecer da visão de todos aqueles anjos e demônios.
                ― Senhor, posso observar algo? – Questionou Victória.
                ― A testemunha foi dispensada. – Respondeu.
                ― Apenas um comentário.
                Haddes levantou em protesto.
                ― Se ela falar, que eu possa falar também.
                ― Falem a vontade! – Ele abriu os braços e se sentou.
                ― Creio que na condição de criança e não adulto, a senhorita Monteiro não tinha plena consciência de seus atos, ela apenas tentou poupar a vida de um anjo, se colocando em sacrifício em seu lugar.
                ― Sacrifício? – Sibilou Haddes, rindo. – Ora, sabemos que é pecado comparar alguém a Ele! – Apontou para o trono, ele estava sendo irônico. – Ela só queria ficar sozinha com o Pietro para darem uns amassos.
                ― Protesto! – Ela gritou. – Ele esta deturpando a imagem da nefilin.
                ― Aceito. Se não tem algo relevante a dizer, fique calado, Haddes. – Cortou o juiz. – Senhorita Monteiro, tem algo a dizer?
                Abri os lábios sem resposta alguma em minha cabeça, eles tinham razão, eu estava incrédula.
                ― Vocês tem razão, eu não acreditei que alguém pudesse ir nos ajudar, tanto que esta não foi a única vez que me questionei sobre o socorro. Eu não sabia que havia demônios impedindo da ajuda chegar até nós. – Sussurrei – Só achei estranho tantos demônios chegando e nenhum anjo. O Arthur ia morrer!
                Houve silêncio. Pela iluminação da sala eu sabia que estava perto da hora do jantar e de dormirmos, o juiz suspirou, parecia que acrescentaria algo, porém não o fez.
                ― Sessão encerrada, retornaremos amanhã as nove. Dispensados.
                Permaneci sentada, incapaz de me por em pé. Toquei o braço de Victoria que me olhou estranhamente.
                ― Me desculpe, não sabia que machucaram você também. O bom é que pararam de bater em vocês... – Sussurrei.
                ― Suzanna, sempre acontecem lutas entre as potestades e nós, eles constantemente atacam os humanos, anjos, qualquer um que esteja do nosso lado, mas sempre vamos ao socorro, sempre.
                ― Me desculpe. – Murmurei mais uma vez.
                Ela me ajudou a levantar em seguida era escoltada para a minha cela. Quando cheguei vi que havia um novo guardião à porta, era Pierre. Ele usava uma armadura de bronze sobre o peito e uma espada na bainha, estava de dar medo. Passei por ele de cabeça baixa e ouvi a tranca ser fechada duas vezes.
                Não sei quanto tempo se passou depois que me banhei e vesti a camiseta e short que me deram alguns dias antes, estava deitada de barriga para cima, tentando entender tudo, ao mesmo tempo orando pedindo a Deus uma saída para a loucura que deixei a minha vida, quando a porta foi destrancada. Olhei na direção e vi Arthur colocar um prato de comida sobre a mesa, ele não me olhou, voltou para a porta e entrou novamente, agora com suco, eles nunca me davam suco.
                ― Obrigada. – Sussurrei, ele parou com o braço no ar depois de soltar o copo na mesa, por um segundo achei que ele olharia para mim, mas então a porta bateu e foi trancada de novo.
                As lágrimas e os soluços se irromperam, tentei aplacar o som afundando o rosto no travesseiro. Ele me odiava por deixá-lo sozinho e por duvidar que mandariam o socorro. Tinha pedido para não cuidarem dele, mas irem atrás de mim, mas só segundos depois ele soube que escolhi seguir Pietro, se eu tivesse agüentado mais um pouco, só um pouco, talvez ambos estivéssemos a salvo e bem agora.
                Cada vez que pensava nisso, as lágrimas se tornavam mais intensas e os soluços altos, incontidos.



E então, gostaram? <3

Beijos!

Mari Scotti

4 comentários :

  1. Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
    li algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
    gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
    quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
    Deixo-lhe a minha bênção.
    E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
    PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.

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  2. ei Mari, que legal que a continuação sai no inicinho do ano que vem! Vou ler Híbrida primeiro, rs, mas logo logo chego no Insônia, e não vou ter que esperar tanto pela continuação, rs
    bjus
    http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/

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  3. #TeamPietro \o/ agora terei que rever o que fazer com meu marido para ganhar em Janeiro, já que não terei-o mais como presente de Natal.

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Deixe seu comentário! Ele me deixa muito feliz!